Vida e Obra de Gonzagão

Muitos livros já foram escritos sobre Luiz Gonzaga. Na literatura de cordel, então, é impossível precisar a quantidade de folhetos que enfocam o Rei do Baião. É a personalidade musical mais biografada, ao lado de Roberto Carlos e Raul Seixas. Nem todos os folhetos são laudatórios, mas a grande maioria rende tributo ao grande artista pernambucano, glória da cultura brasileira. A diferença deste Vida e Obra de Gonzagão, assinada por Cacá Lopes, é o cuidado na pesquisa, que rendeu 380 estrofes de seis versos, depois de quase uma década dedicada a obra, retratando desde seu nascimento na fazenda Caiçara, Município de Exú, no sertão pernambucano, até a morte no Recife, passando pelos parceiros e seguidores, da discografia à homenagens póstumas, a impressionante trajetória do velho Lua ganha seu mais completo registro em cordel.

A responsabilidade de Cacá Lopes, portanto, é enorme. E ele não se fez de rogado. Muitas são as estrofes dignas de nota, mas esta, que trata do batismo do pequeno Luiz, chama a atenção por uma palavra, comprobatória do envolvimento do autor com o tema. O grifo é meu:

Os padrinhos do menino

Também são da região,

O Sr. João Moreira

E Dona Neném, que não

Mediram esforços, Luiz

Deixava de ser pagão.

 Pagão é o menino não batizado, segundo a doutrina católica. Outro costume, herdado de Portugal, o de batizar a pessoa com o nome do santo festejado no dia do nascimento, não foi esquecido por Cacá Lopes:

O nome Luiz Gonzaga

Do Nascimento foi dado,

Na igreja de Exú

O bebê foi batizado

Dia 5 de janeiro

Gonzaga foi consagrado.

 O Nascimento, sugestão do padre José Fernandes, deve-se ao fato de o menino ter nascido em dezembro, mês do Natal. O Luiz é uma homenagem à Santa Luzia, festejada à 13 de dezembro, data em que Gonzaga veio ao mundo.

Mais adiante, Cacá traz uma informação que, sem ser novidade, soa original:

Seu ídolo na época era

Virgulino, o Lampião.

Sonhava entrar no bando

E desbravar o sertão,

Quem sabe tocar sanfona

E o grupo bailar no chão.

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, sabemos, foi uma das inspirações para a composição do “personagem” Luiz Gonzaga: chapéu de cangaceiro, cartucheiras e alpercatas de rabicho. Lampião é o personagem histórico de maior presença no cordel.

E, tentando ser original, finalizarei esta tentativa de Prefácio em versos, já que, da mesma forma que Cacá Lopes, fiz do cordel profissão de fé:

Eu saúdo o poeta Cacá Lopes

Cantador das belezas do sertão,

Que falou de Luiz, Rei do Baião,

Decantado em sextilhas e galopes

Pois galgou na canção todos os topes

E deixou um exemplo salutar.

Eu também quero aqui celebrar

Esse gênio que foi Luiz Gonzaga,

Bem feliz, porque vejo a sua saga

Recriada na lira popular.

 Sobre o autor:

José Edivaldo Lopes, em arte Cacá Lopes nasceu em 24 de agosto de 1962, em Araripina-PE, região encantada da chapada do Araripe. Iniciou sua trajetória artística na Rádio Grande Serra AM em sua terra natal, quando lançou seu 1º disco. Radicado em São Paulo desde 1984, mantém uma carreira consolidada como cantor, compositor e instrumentista, com 6 CDs lançados e várias coletâneas. Como cordelista é autor de uma dezena de folhetos de cordéis e do livro Cinderela em Cordel, adaptado do célebre conto infantil Cinderela, de Charles Perrault. Percorre escolas da rede pública de São Paulo, com o Projeto Cordel nas Escolas. Cacá Lopes também é um dos fundadores do movimento Caravana do Cordel.

Os ilustradores:

Maércio Lopes Siqueira, nasceu em Santana do Cariri-CE, em 1977. Mora em Crato-CE, desde os cinco anos de idade. É graduado em Letras pela Universidade Regional do Cariri. Por meio da literatura de cordel, entrou em contato com a gravura em madeira, passando a aventura-se nessa arte desde 1999. É professor desde 1997. Membro da Academia dos Cordelistas do Crato, seus trabalhos temáticos figuram em vários trabalhos e exposições.

Valdério Costa é graduado em Educação Artística e Artes Plásticas pela Universidade de Brasília; artista plástico cadastrado na Secretaria de Cultura do DF; Professor de História da Arte – Secretaria de Cultura da capital federal. A maioria de suas obras explora o rico e vasto universo da cultura popular brasileira.

Ficha Técnica:

VIDA E OBRA DE GONZAGÃO

Editora: Ensinamento

Formato: 15 x 22 em P&B

Capa: Policromia com verniz BOPP fosco

Autor: Cacá Lopes

Ilustrador: Maércio Lopes e Valdério Costa

ISBN: 978-85-62410-93-2

Número de páginas: 192

Gênero: Literatura de cordel

Preço: R$ 40,00