AO MESTRE ALBERTO PORFÍRIO Autor: Klévisson Viana Artista como Porfírio Não nascerá mais nenhum Com seu talento incomum Tinha a pureza do lírio Sofreu amor e martírio Como todo menestrel Mas sendo à arte fiel Tinha talento de sobra Morre o homem, fica a obra Gravada em pedra e papel. Lapidou versos na rocha Fez esculturas nos versos Rompeu vários universos Empunhando a sua tocha Como a flor que desabrocha Seu estro de menestrel Tinha a doçura do mel Um gigante da palavra Morre o homem fica a lavra Gravada em pedra e papel. Foi repentista inspirado No verso foi professor Seguiu sempre com amor Tendo a viola de lado Cantou bem, foi respeitado Foi gigante do cordel Ganhou palmas e laurel No Nordeste em toda parte Morre o homem fica a arte Gravada em pedra e papel. Vá em paz, meu bom poeta Nessa nova caminhada E lá na mansão sagrada Onde a alma se completa Jesus, o maior profeta Lhe abrace com São Miguel… E que o trono de Emanuel Lhe dê amável acolhida Morre o homem fica a vida Gravada em pedra e papel. Seja mais um passarinho No pomar do Criador Castro Alves, o Condor Seguiu no mesmo caminho Aderaldo, Canhotinho… E todo bom menestrel Que contemplando o vergel Escreve para os ateus Que o poeta é a voz de Deus Gravada em pedra e papel.
Postado por Marco Haurélio às 09:10
Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009
Alberto Porfírio, gênio da poesia popular
Recebi, do poeta e amigo Arievaldo Viana, correio eletrônico que noticiava a morte do mestre Alberto Porfírio, dos maiores criadores que a musa cabocla engendrou.Reproduzo, abaixo, o texto de Arievaldo e envio condolências à família do mestre.Fui informado ainda pouco, por minha cunhada Dulcimar, sobre o falecimento do poeta ALBERTO PORFÍRIO, grande expoente da poesia popular cearense.Alberto era autor do livro “POETAS POPULARES E CANTADORES DO CEARÁ”, publicado em 1978, um dos primeiros livros que li em minha vida e que muito influenciou a minha forma de escrever e declamar.Seus poemas mais famosos são “A estátua do Jorge”, “Cantiga da Dorinha”, “Eu gostei mais foi do Cão”, “No tempo da lamparina” e “Porque não aprendi a ler”. Escreveu também um livro de sonetos e outro sobre as noites de viola da Casa de Juvenal Galeno. Cordelista inspirado, é autor de vários folhetos, muitos deles publicados pela Tupynanquim Editora, de Klévisson Viana. Figura amada e respeitada no meio da cantoria e do cordel, nunca teve o seu talento reconhecido pela mídia, apesar de ter uma verve tão inspirada quanto a de Patativa do Assaré.Repasso para os amigos um pouco de sua biografia, conforme pude pesquisar na internet.Façamos uma justa e derradeira homenagem a esse GÊNIO da poesia sertaneja.ALBERTO PORFÍRIO (1)Alberto Porfírio da Silva é poeta popular, xilógrafo e escultor. Nasceu no município cearense de Quixadá, em 23 de dezembro de 1926. Estudou depois de idoso, quando as condições lhe permitiram e é professor licenciado pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Como cantador-repentista, recebeu das mãos da Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, uma menção honrosa especial. Ministrou cursos de cantoria pelo rádio, publicou o livro “Poetas Populares e Cantadores do Ceará” e quase uma centena de folhetos de cordel. Tem seu nome reconhecido internacionalmente através da enciclopédia francesa Delta Larousse.
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